Parte II
Texto e imagens por Bruno F. Fiorillo

Equipamento: Nikon D7200 e 105 mm
Configurações da câmera: 1/320 s, f/10, ISO 320
No quarto dia de viagem, pedi a um dos funcionários da estação que me levasse a qualquer brejo local. Enquanto me movia desajeitadamente entre a vegetação molhada, encontrei um besouro de coloração vermelha (gênero Athyreus) dormindo em um galho. Quando avancei para fotografá-lo, acidentalmente tropecei em um arbusto. Em uma reação em cadeia, todas as plantas próximas se moveram juntas e eu acabei acordando o pobre besouro. Ele lutava para voltar ao dormitório, momento em que registrei seu belo chifre vermelho.
Durante os dias seguintes eu estava sozinho novamente. Fui aos brejos mais acessíveis da reserva. Como de costume, antes de chegar ao primeiro, ouvi seus habitantes homônimos, as pererecas do brejo (gênero Dendropsophus). Suas vocalizações enchiam quase completamente a atmosfera devido ao grande número de indivíduos. Três espécies estavam presentes, Dendropsophus jimi, D. nanus e D. minutus. Eu encontrei primeiro uma D. jimi, que estava parada sobre o sulco de uma folha, aparentemente olhando para lugar nenhum. Este indivíduo parou de cantar no momento exato em que peguei meu equipamento, mas fiquei feliz de qualquer maneira. Primeiro porque consegui captar a linha lateral bicolor (branca e marrom) que corre ao longo do seu dorso, característica marcante da espécie, e segundo porque fiquei encantado com sua pose “filosófica”, contemplando algo que nunca poderei conhecer.

Equipamento: Nikon D7200 e 105 mm
Configurações da câmera: 1/200 s, f/13, ISO 100
Embora deva confessar que esta última espécie é uma de minhas favoritas dentre as pererecas do brejo, as outras espécies também me ajudaram a encontrar o que procurava. Aquelas da espécie D. nanus estavam tão excitadas que ignoraram completamente a criatura (humana) gigante que atravessava o brejo com sua estranha luz “piscante”. Se os machos parassem de cantar quando eu me aproximava, eu tinha apenas de apagar minha lanterna por alguns minutos e me posicionar estrategicamente até que eles inflassem seus sacos vocais novamente.

Equipamento: Nikon D7200 e 105 mm
Configurações da máquina: 1/200 s, f/13, ISO 100
Os indivíduos de D. minutus geralmente ficavam distantes das outras espécies, talvez porque sua vocalização, extremamente alto e agudo, se destacava entre as demais. Encontrei alguns deles repousando sobre troncos queimados de pinheiros caídos, o que dava a impressão de estarem rodeados por uma caverna enorme e escura. Ao longo das margens do brejo, havia muitos pinheiros, recentemente cortados e queimados. Essas árvores são invasoras agressivas na região, altamente adaptadas a ocupar campos úmidos. Os gerentes da estação estão lutando para erradicá-las antes que causem mais danos ao ecossistema local. Depois que os pinheiros são removidos, as espécies nativas generalistas voltam a preencher gradativamente os nichos vagos.
Ainda na beira do brejo, ouvi um chamado desconhecido, o qual persegui determinado; eu tinha que encontrar esse animal! Era uma rãzinha-branca (Physalaemus centralis) que se escondeu imediatamente entre os galhos caídos dos pinheiros quando me aproximei. Isso não impediu, contudo, que eu a registrasse. Gostei dessa foto instantaneamente. Porém, confesso que fiquei em dúvida sobre como a maioria das pessoas reagiria a esse tipo de composição. Em minha defesa, esta é a imagem mais representativa deste post, pois mostra a espécie como ela é, um verdadeiro membro da tímida comunidade daqueles brejos.

Equipamento: Nikon D7200 e 105 mm
Configurações da câmera: 1/320 s, f/13, ISO 250

Equipamento: Nikon D7200 e 105 mm
Configurações da câmera: 1/250 s, f/13, ISO 160
A chuva estava leve aqueles dias e, embora me deixasse um pouco preocupado e mais cauteloso com o meu equipamento, geralmente isso ajuda a composição. No mesmo brejo, encontrei outra espécie de mosca predadora (família Asilidae) dormindo pacificamente na folha de um arbusto. Estava completamente coberta por gotas d’água, que são sempre uma boa adição para os invertebrados, pois se tornam notavelmente grandes em animais de corpo pequeno.

Equipamento: Nikon D7200 e 105 mm
Configurações da câmera: 1/200 s, f/13, ISO 100
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Revisão do texto por
B.Sc. Arthur Diesel Abegg. E-mail: arthur_abegg@hotmail.com CL
Instituto Butantan, Laboratório Especial de Coleções Zoológicas, São Paulo, SP, Brazil.
Marcel Huijser. E-mail: marcel_p_huijser@yahoo.com WS
Western Transportation Institute, Montana State University
Rodrigo Albuquerque Leite. Email: rodrigoa100@gmail.com WS
Toelts, Preparatório para o Toefl e Ielts, São Paulo, SP, Brazil.