Parte I

Texto e imagens por Bruno F. Fiorillo

Caiçaca (Bothrops moojeni) | Estação Ecológica de Santa Bárbara
Equipamento: Nikon D7200 e Micro 105 mm
Configurações da máquina: 1/500 s, f/13, ISO 320

Assim como para praticamente todo o resto do mundo, 2020 não foi um dos melhores anos da minha vida. Na tentativa de salvar algo, planejei uma viagem fotográfica à Estação Ecológica Santa Bárbara, no Cerrado (savana brasileira) do sudeste do Brasil. Este foi o local onde coletei amostras para o meu doutorado e eu tinha certeza de que não me decepcionaria. Programei a viagem para durar duas semanas e formulei uma lista com seis ou sete ideias para compor minhas fotos antes de ir a campo.

Ansiando por fotos de serpentes, fui ao melhor lugar para encontrá-las, uma grande paisagem aberta e um dos tipos de vegetação mais típicos do Cerrado, o Campo Sujo. Não tive tanta sorte com as serpentes, mas por outro lado, eu procurava por elas tão atentamente que acabei encontrando outras coisas interessantes. Tive a oportunidade de surpreender uma aranha lobo (família Lycosidae) bem na frente de sua porta e perturbar um casal de moscas predadoras (gênero Ommatius), enquanto acasalavam entre os arbustos.

Foto panorâmica do Campo Sujo | Estação Ecológica de Santa Bárbara
Equipamento: Nikon D7200 e 18-140 mm
Configurações da máquina: 1/250 s, f/13, ISO 250
Aranha-lobo (família Lycosidae) | Estação Ecológica de Santa Bárbara
Equipamento: Nikon D7200 e 105 mm
Configurações da máquina: 1/250 s, f/9, ISO 100
Moscas predadoras (gênero Ommatius) | Estação Ecológica de Santa Bárbara
Equipamento: Nikon D7200 e 105 mm
Configurações da máquina: 1/250 s, f/13, ISO 100

Depois de um começo até que promissor, a viagem que eu havia esperado ansiosamente por três meses não correu como planejado. O tempo estava muito seco havia vários meses e a maioria dos animais não apareceu. Além disso, a pessoa que dirigia teve que voltar para casa e eu fiquei sozinho e a pé durante o resto da viagem.

Como as espécies mais raras e interessantes só seriam encontradas muito longe da sede da estação, onde eu estava hospedado, minhas opções eram poucas. Eu teria que me esforçar para registrar algo interessante nos brejos mais próximos. Embora fotografar animais como eles de fato foram encontrados pareça ser a maneira mais óbvia de retratá-los, a maioria das pessoas não o faz. Animais minúsculos, como invertebrados ou mesmo anfíbios e répteis são fáceis de serem manipulados, e portanto, é tentador movê-los para uma “posição melhor” ou um “lugar mais limpo”. Estamos sempre tentando mostrá-los na íntegra, da maneira mais limpa possível.

Já existem milhares de fotos de espécies comuns na internet, o que faz com que fique muito mais difícil torná-las interessantes. Assim, minha estratégia aqui foi tentar capturar imagens desses organismos muitas vezes deixados de lado, mas sem incomodá-los, incorporando sua natureza furtiva em minhas fotografias. Esta tática provavelmente funciona para qualquer espécie, independentemente de ser rara ou comum, predador ou presa, grande ou pequena, pois mantém os animais em seu ambiente natural e põe em destaque seus modos de vida. Isso também nos fornece uma perspectiva mais natural. Ao menos nos primeiros momentos, aquele que vê a fotografia se esquece da espécie em si e se pergunta sobre a história por trás daquela imagem.

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Revisão do texto por

B.Sc. Arthur Diesel Abegg. E-mail: arthur_abegg@hotmail.com CL
Instituto Butantan, Laboratório Especial de Coleções Zoológicas, São Paulo, SP, Brazil.
Dr. Marcel Huijser. E-mail: marcel_p_huijser@yahoo.com WS
Western Transportation Institute, Montana State University
Rodrigo Albuquerque Leite. Email: rodrigoa100@gmail.com WS
Toelts, Preparatório para o Toefl e Ielts, São Paulo, SP, Brazil.